FC Porto tentou tudo para que não jogasse no Dragão
«Espero não apanhar qualquer jogo de castigo! », assim o disse Petit, aos jornalistas, ontem, no final da audiência que manteve com o instrutor do processo sumaríssimo de que o jogador benfiquista foi alvo na sequência do lance com Targino, na partida com o V. Guimarães. Petit alegou não ter a intenção de magoar, afirma-se de «consciência tranquila» e lembra, a propósito, «o que aconteceu no último fim-de-semana entre o Bruno Alves e o Nuno Gomes...»
«Acho que não vou ser castigado», fartou-se de dizer o médio encarnado à saída da Liga, no Porto, ontem, após ter prestado declarações na Comissão Disciplinar, perante o instrutor do processo, dr. Correia de Castro. Petit deslocou-se ao início da tarde à sede do órgão que gere o futebol profissional depois de várias testemunhas citadas pelo Benfica o terem feito, com destaque para Jaime Pacheco e Tiago Targino. Ao fim de cerca de meia hora de interrogatório, o jogador aceitou falar aos repórteres e não escondeu a sua satisfação pelo facto de "ter corrido tudo bem". "Estou de consciência tranquila", insistiu, para logo dar conta da sua expectativa: «Espero não ser castigado.» E, na ocasião, lembrou o ocorrido no FC Porto-Benfica entre Bruno Alves e Nuno Gomes: «Todos viram o que se passou. Se depois disso alguém apanhou dois jogos de castigo, seria estranho se eu levasse algum...»
«Não sou maldoso»
Aliás, Petit quis ir mais longe nos seus comentários: «Tentaram tudo para que eu não jogasse com o FC Porto no Dragão! Felizmente, joguei e ganhámos, o que me encheu de satisfação. » Quem terá então tentado afastá-lo do clássico?, pergunta-se. A resposta sai célere: «Toda a gente sabe que foi o FC Porto que enviou um faxe para a Liga a apresentar queixa...» Saboreada a vitória no Dragão, que «encheu» o jogador de motivação, Petit aproveitou a oportunidade para tentar, de certa forma, limpar a sua imagem, já que se considera vítima de alguma injustiça. «Nunca fui expulso por agredir um colega de profissão ou por magoar alguém. As vezes que fui expulso foi sempre por protestos junto dos árbitros. Nunca lesionei um adversário e, pelo contrário, já fui muitas vezes magoado e nunca me queixei!» Questionado sobre essa tal imagem de jogador violento que transparece para o exterior, é o próprio quem remata o desmentido: «Toda a gente sabe como jogo. O mister Jaime Pacheco, que me treinou durante dois anos, também já disse que sou duro mas leal e que nunca procuro magoar. Essa fama de sarrafeiro não é justa. Sou um jogador que dou tudo em prol da minha equipa, vou sempre até aos limites, mas sem intenção de lesionar os adversários. Não sou maldoso!»
Simão e Manuel Fernandes não foram ouvidos
O Benfica prescindiu de Simão e Manuel Fernandes enquanto testemunhas do processo sumaríssimo movido a Petit. O capitão e o jovem médio benfiquistas constavam dos autos e deveriam ter sido ouvidos ontem na Liga, mas o clube da Luz entendeu que a defesa ficaria bem entregue apenas a Petit e, para não prolongar o processo no tempo, retirou as demais testemunhas de cena. A convicção da inocência de Petit e a crença de que, a serem mantidos os dois jogos de suspensão propostos pela CD da Liga, o prejuízo será sempre menor do que uma eventual falha no encontro com o FC Porto que não chegou a verificar-se , podem ter determinado a alteração da estratégia.
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